12/06/2012

TRANSPORTE COLETIVO DE QUALIDADE, INTEGRADO E COM MODAIS DIVERSIFICADOS. UMA SAÍDA PARA OS GARGALOS URBANOS

“Não vamos melhorar a mobilidade urbana na Baixada Santista com o compartilhamento dos transportes coletivo e individual da maneira que ocorre hoje”. O diagnóstico é da arquiteta e professora universitária Lenimar Rios. Ex-secretária de Meio Ambiente e Planejamento Urbano de Santos, ela foi uma das três palestrantes do debate, comandado pela deputada estadual Telma de Souza (PT) – que coordena a Frente Parlamentar Estadual do Desenvolvimento Econômico com Qualidade de Vida – na Câmara de Santos ontem (11). Além de Lenimar, expuseram seus pontos de vista o engenheiro e diretor de Planejamento Estratégico e Controle da Codesp, Renato Barco, e o gerente da Usiminas e vice-coordenador da Comissão de Logística do Ciesp, Armando Bezerra Leite. O trio analisou os pontos nevrálgicos da Mobilidade Urbana na Baixada Santista do ponto de vista dos deslocamentos individuais, das demandas advindas do Porto de Santos, do Turismo e do Polo Industrial de Cubatão. Um dos principais pontos em comum levantados pelos especialistas foi a falta de investimentos do poder público em grandes obras que poderiam ajudar a desafogar os gargalos da Região, tais como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), prometido há mais de uma década; uma ligação seca entre Santos e Guarujá, idealizada há mais de 50 anos; o túnel ligando as Zonas Leste e Noroeste de Santos, também uma promessa de mais de 10 anos; um aeroporto e uma terceira via de ligação entre a Capital paulista e o Litoral. Para Lenimar, não há que se falar em uma nova Rodovia dos Imigrantes, mas sim num novo caminho. “O Turismo é atividade muito importante e é preciso diversificar as ligações com o Planalto, como se fez com a criação da Rodovia Mogi-Bertioga”, disse. Estudo apresentado pela arquiteta mostrou que há uma concentração excessiva de fluxo cotidiano nas proximidades do bairro do Gonzaga e na Zona Noroeste de Santos, em São Vicente e em Cubatão, explicada pelas demandas de deslocamentos a trabalho, em suma. “Falta diálogo entre os prefeitos da Baixada no sentido de aprimorar a distribuição de polos de emprego, equipamentos de saúde e educação. A sensação é de que só agora começa-se a pensar nisso”, destacou. Hidrovias De acordo com Renato Barco, o potencial do transporte hidroviário é muito mal explorado pelos municípios da Baixada Santista. “Poderíamos ter até 200 quilômetros de hidrovias, mas estamos muito longe disso”, avaliou. A conclusão é de que as hidrovias seriam uma das melhores opções tanto para atender o transporte de cargas quanto o de passageiros. Segundo Barco, o Governo Federal já investiu no Porto de Santos, nos últimos anos, R$ 361 milhões em obras de infraestrutura, como a dragagem, derrocagem e expansão da malha viária (como a construção das avenidas perimetrais das margens direita e esquerda). Dados citados pelo representante da Codesp destacaram que o Porto de Santos movimentou em 2011 nada menos que 24,5% de toda a balança comercial brasileira, exportando R$ 212,8 bilhões. “Apesar de estarmos fazendo a lição dentro do Porto, com certeza não haverá fluidez se não houver obras de acessibilidade”, disse. Fuga Para Armando Bezerra Leite, as dificuldades de acessibilidade já estão espantando profissionais gabaritados do Polo Industrial de Cubatão. Dados apresentados por ele mostraram que o número de caminhões circulando diariamente pela Rodovia Cônego Domenico Rangoni aumentou 211% entre 2009 e 2011, saltando de 2.987 para 9.301. Ainda conforme Leite, o movimento de carros de passeio aumentou 132% no período, passando de 6.803 para 15.827. A arquiteta Lenimar Rios frisou que não se trata de satanizar o uso dos carros de passeio, mas de priorizá-lo apenas para viagens de longas distâncias, e não para os deslocamentos diários para trabalho e estudo, por exemplo. “Andar de carro é um calvário, mas andar de ônibus é pior ainda. Os coletivos seriam priorizados se fossem pontuais, baratos e integrados, o que infelizmente não ocorre”, enfatizou Lenimar. Ao final, a deputada Telma de Souza defendeu uma maior integração entre os poderes municipais, estadual e federal para desatar os nós da mobilidade urbana da Baixada Santista, numa correlação que não enxergue interesses pessoais nem coloração partidária. “Não podemos aceitar uma discussão de mais de 10 anos para implantar um VLT”, afirmou. Estiveram presentes a diretora técnica da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), arquiteta Débora Blanco, os vereadores Adilson Junior (PT), Fábio Nunes (PSB) e Sadao Nakai (PSDB), além de representante da Prefeitura de Santos e entidades representativas da Região.

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