02/01/2009

TELMA PRESIDE SESSÃO SOLENE DE POSSE

     Na condição de vereadora mais votada no pleito de 2008, Telma de Souza (PT) presidiu nesta quinta-feira (01/01), na Câmara de Santos, a sessão solene que deu posse ao prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB); ao vice-prefeito Carlos Teixeira Filho (PSDB, e aos novos membros do Legislativo santista.      “Retorno hoje à Câmara Municipal da minha cidade, onde iniciei, como vereadora, em 1982, a minha trajetória política. Todas essas recordações e a emoção que sinto neste momento me remetem a refletir na responsabilidade que todos nós, que assumimos hoje, no Executivo e no Legislativo, os cargos para os quais os santistas nos elegeram, temos pela frente, no sentido de que nosso desempenho esteja à altura e em sintonia com as tradições libertárias e democráticas que esta terra construiu e preservou ao longo de sua história. Não podemos, em nenhum momento e sob nenhuma circunstância, trair ou sequer negligenciar o legado que nos foi deixado”, afirmou Telma em seu pronunciamento.      Ex-vereadora (1982/1984), ex-deputada estadual (1986/1988), ex-prefeita (1989/1992), ex-deputada federal (1994/2006), Telma foi eleita vereadora pelo PT de Santos, em outubro último, com 20.631 votos (8,47% dos votos válidos da cidade), a maior votação obtida por um candidato ao Legislativo santista em toda a história do município.      Após a solenidade de posse ao prefeito, vice-prefeito e novos vereadores, Telma conduziu também os trabalhos da eleição do novo presidente de mesa da Câmara (o peemedista Marcus de Rosis foi reconduzido ao cargo) e da escolha dos membros das comissões do Legislativo. Telma vai presidir as comissões de Educação e Assuntos Metropolitanos e atuará como membro nas de Assuntos Portuários, Direitos da Mulher e Cultura.      Em sua fala, Telma reafirmou seu compromisso em fazer da Câmara um local onde o futuro da cidade possa ser debatido com a população: “Que este Plenário esteja sempre acessível e sensível aos anseios da população santista, já que sempre entendi o Legislativo como o grande espaço institucional de discussão sobre o presente e o futuro das cidades que os elegem. Que possamos, nós vereadores que hoje iniciamos nossos mandatos, garantir que esta Casa esteja sempre aberta às propostas e aos debates que nos serão colocados não apenas pelo Executivo, mas também e principalmente pelos santistas que nos confiaram seus votos. De minha parte, me empenharei ao máximo para que tal objetivo seja alcançado. Leia abaixo a íntegra do pronunciamento de Telma na cerimônia de posse.     "A Sala Princesa Isabel, sede do Parlamento onde nos encontramos neste momento, está localizada no Palácio José Bonifácio, edificação que abriga também o Executivo de Santos e que, neste ano de 2009, completa 70 anos de existência. Gostaria, assim, de iniciar esta minha breve fala destacando a participação fundamental que o santista que dá nome a este prédio, e que também é conhecido como o Patriarca da Independência, teve para a consolidação da soberania, da liberdade e da democracia em nosso país.      "Acima de tudo, porém, gostaria também de relembrar como nossa cidade, ao longo da história, sempre marcou sua presença em todo esse processo e como a luta pela soberania, pela liberdade e pela democracia se transformou em uma marca indelével das mais caras tradições desta terra.      "Uma terra que também participou de forma decisiva da luta pelo fim da chaga da escravidão no Brasil, tornando-se um dos mais importantes e ativos centros abolicionistas do país, com seus quilombos, como o do Jabaquara e do Garrafão, e onde figuras como o negro Quintino de Lacerda, o português José Teodoro dos Santos Pereira, os próprios irmãos Andradas e tantos outros demonstraram a índole libertária desta cidade. Essa característica intrínseca de nossa terra seria confirmada ao longo de vários episódios da nossa história e também das lutas de nossos trabalhadores, em especial os portuários, que fizeram de Santos sinônimo de um sindicalismo sempre comprometido com a defesa dos direitos trabalhistas, mas também sempre pronto a se mobilizar em defesa das liberdades democráticas.      "Tanta ousadia não passaria impune aos olhos daqueles que não compartilhavam com esses ideais. E a história da nossa cidade está pontilhada de fatos exemplificando os duros golpes sofridos. Opto, contudo, por referir-me a um passado bem recente e, por isso mesmo, muito vívido na memória dos santistas, em especial aos de minha geração. Falo do golpe militar de 1964 e das graves conseqüências que este teve em nossa terra. Logo de início, fomos alvo de uma repressão muito mais violenta do que a perpetrada na imensa maioria das outras cidades do Brasil. O famigerado navio-prisão “Raul Soares”, sinistramente ancorado em nossa barra, é exemplo contundente do que estou falando.       "Santos, entretanto, não abaixou a cabeça e, em 1968, ousadia das ousadias, elegeu como prefeito da cidade Esmeraldo Tarquínio, um político negro e comprometido com os ideais libertários e democráticos que nos eram tão familiares – e imprescindíveis. Em um dos capítulos mais vergonhosos não apenas da história de Santos, mas da história do Brasil, Esmeraldo foi cassado e impedido de assumir a Prefeitura santista pouco antes da sua posse. Contudo, ao contrário do que imaginava o regime militar, seu companheiro de chapa, o vice-prefeito eleito Oswaldo Justo, recusou-se a assumir o governo da cidade e renunciou. Não haveria qualquer tipo de transigência: que todo o arbítrio da ditadura ficasse bem claro.       "O povo de Santos, então enquadrada em um nebuloso conceito de zona de segurança nacional, perdeu o direito de eleger o chefe do Executivo da cidade e passou a ser governada, primeiro, por um interventor militar e depois por prefeitos nomeados. Mais uma vez, contudo, a cidade não abaixou a cabeça. Sem deixar de participar ativamente das outras lutas pela democratização travadas em nível nacional, como a da anistia, por exemplo, Santos organizou-se em um grande movimento para exigir a volta de sua autonomia.       "A batalha foi vencida em 1983 e, em 1984, Santos tornou-se a única cidade do país a ter eleições para a Prefeitura naquele ano. O pleito de 84, do qual tive a honra de participar como uma das candidatas, apresentou um resultado significativo em termos não apenas de resgate, mas de reparação histórica para a cidade. O vencedor foi, justamente, Oswaldo Justo, tendo como vice em sua chapa Esmeraldo Tarquínio Neto, filho de Esmeraldo Tarquínio, então já falecido.      "Nas eleições seguintes, em 1988, tive o privilégio de ser eleita a primeira mulher em Santos – e uma das primeiras em todo o país – a assumir o Executivo Municipal. A cidade retomava sua trajetória democrática plena, com a Prefeitura sendo ocupada, na seqüência, por meu sucessor, David Capistrano Filho; pelo atual deputado federal Beto Mansur, e, atualmente, pelo prefeito João Paulo Tavares Papa, reeleito para seu segundo mandato, que hoje se inicia. Retorno hoje à Câmara Municipal da minha cidade, onde iniciei, como vereadora, em 1982, a minha trajetória política.      "Todas essas recordações e a emoção que sinto neste momento me remetem a refletir na responsabilidade que todos nós, que assumimos hoje, no Executivo e no Legislativo, os cargos para os quais os santistas nos elegeram, temos pela frente, no sentido de que nosso desempenho esteja à altura e em sintonia com as tradições libertárias e democráticas que esta terra construiu e preservou ao longo de sua história. Não podemos, em nenhum momento e sob nenhuma circunstância, trair ou sequer negligenciar o legado que nos foi deixado.      "Costuma-se dizer que a política, como a própria vida, é sempre dinâmica e permeada por constantes mudanças. Encontramo-nos, porém, em um momento muito peculiar da história da humanidade. A nação mais poderosa do mundo, os Estados Unidos, elege, pela primeira vez, um presidente negro, Barak Obama. O mundo enfrenta uma crise que, acima das implicações meramente econômicas, indica o esgotamento de um modelo de desenvolvimento e a necessidade da adoção de uma nova ordem econômica, balizada, entre outras coisas, por uma melhor adequação no uso dos recursos naturais cada vez mais escassos do planeta. Essas e várias outras indicações sinalizam que nosso tempo, hoje, é de grandes transformações.      "Ao contrário do que ocorria não muito tempo atrás, ninguém ficará imune a essas transformações, por mais distantes que elas, a princípio, possam parecer. Nós aqui, nesta sala, não somos exceção. Tenho certeza, contudo, de que todos nós temos plena consciência dos desafios que nos esperam, dentro do objetivo de cumprir as tarefas que a população de Santos nos delegou. Como também tenho certeza de que, independente das posições políticas e partidárias e das posições muitas vezes contrárias que adotaremos no desempenho de nossas funções, estaremos, tanto no Executivo quanto no Legislativo, cada um ao seu modo e de acordo com suas convicções, dando o melhor de nós em defesa da nossa cidade e de seu povo.      "Que este Plenário esteja sempre acessível e sensível aos anseios da população santista, já que sempre entendi o Legislativo como o grande espaço institucional de discussão sobre o presente e o futuro das cidades que os elegem. Que possamos, nós vereadores que hoje iniciamos nossos mandatos, garantir que esta Casa esteja sempre aberta às propostas e aos debates que nos serão colocados não apenas pelo Executivo, mas também e principalmente pelos santistas que nos confiaram seus votos. De minha parte, me empenharei ao máximo para que tal objetivo seja alcançado.      "Finalizando, quero deixar aqui ao prefeito João Paulo Tavares Papa, ao vice-prefeito Carlos Teixeira Filho, e aos meus colegas de Parlamento, meus mais sinceros votos de que possamos cumprir a contento o que os santistas que nos elegeram esperam de cada um de nós. Muito obrigado."

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