Em pronunciamento na Câmara Federal, a deputada federal Telma de Souza (PT-SP) elogiou a postura do jornalista Mino Carta “na preservação dos ideais originais da imprensa brasileira, tão empanados durante o último período eleitoral.” De acordo com a parlamentar, por meio de seus textos, escritos em “Carta Capital”, revista da qual é diretor de redação, e no seu blog da Internet, Mino “não tem se furtado a expor uma crítica corajosa sobre a conduta de grande número de meios de comunicação da chamada grande imprensa, que, sob a capa da imparcialidade, conduziu uma mal disfarçada campanha buscando impedir a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”   Telma de Souza afirmou que, a exemplo do jornalista, não vê problemas em que órgãos de imprensa manifestem sua preferência por este ou aquele candidato ou emitam juízo de valor sobre determinados assuntos, em meio a um processo eleitoral ou não, salientando que fazer opções é uma das grandes conquistas do regime democrático e tal direito não deve ser cerceado a ninguém.   “Entendo, no entanto, que tais opções devem ser explicitadas de forma clara, de modo a que os leitores do veículo saibam exatamente que tipo de informação vão encontrar. Fica a cargo então do leitor/eleitor decidir se quer ou não ser informado por aquele veículo em particular. A manipulação de dados, o destaque desmesurado a notícias que prejudiquem este ou aquele candidato, o enfoque secundário a fatos que possam beneficiar candidaturas não caras aos donos das empresas jornalísticas, quando não a simples omissão de informações não são condutas compatíveis com quem alardeia imparcialidade e se autoproclama defensor de pretensos valores éticos.”  Na análise da deputada, as últimas eleições presidenciais representam, sob vários aspectos, um marco na história da afirmação da democracia no país. “E um desses aspectos mais importantes foi, sem dúvida, o fato da grande mídia ter tentado -  e fracassado - na sua obstinação de impor a sua preferência eleitoral e a sua visão dos acontecimentos à opinião pública nacional. Foram muitas as críticas que se fizeram a Marco Aurélio Garcia, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e coordenador da campanha do presidente Lula, quando sugeriu que a imprensa deveria fazer uma reflexão sobre tudo o que aconteceu no período eleitoral. Logo suas declarações foram taxadas de uma ameaça à liberdade de expressão no Brasil.”  Finalizando, Telma de Souza disse que, ao contrário do que afirmaram os que se consideraram atingidos por tal sugestão, essa reflexão é por demais necessária, por parte de todos os profissionais de imprensa que compreendem a importância de sua função perante a sociedade. “E estou certa de que o número desses profissionais é muito grande. O governo, seja ele qual for, não está sempre certo, como a imprensa, seja ela qual for, não está sempre certa. O acerto e o erro são próprios do ser humano. Como também é própria do ser humano sua capacidade de refletir sobre seus erros para tentar evitar cometê-los no futuro. É por todos esses motivos que quero deixar aqui, neste plenário, a minha homenagem e o meu agradecimento ao jornalista Mino Carta, por sua coragem em colocar essa discussão na pauta nacional”, concluiu a parlamentar.