A deputada estadual Telma de Souza (PT-SP) propõe uma solução conjunta para a mobilidade urbana da Baixada Santista. A defesa foi feita durante a Audiência Pública da Frente Parlamentar Pró-Mobilidade Urbana de Santos e Região, promovida pela deputada na manhã desta sexta-feira, 15, na Associação Comercial de Santos.
O encontro, que reuniu autoridades e representantes de setores da Baixada, levantou diversas questões sobre o tema. “Seremos protagonistas. Juntos estudaremos soluções para que possamos desenvolver a mobilidade urbana das nove cidades da região de maneira harmônica entre si e, também, com outras metrópoles”, disse a parlamentar.
O diretor da Associação Comercia de Santos (ACS), Martin Aron, apoiou a integração da região em torno da mobilidade urbana. Para ele, todas as esferas de governo e a sociedade devem trabalhar por este objetivo, sob o risco de não haver um planejamento incompatível com as demandas de crescimento da região.
Apesar de, no evento, ter sido abordado desde a ponte Santos/Guarujá, até trânsito portuário, o tema mais explorado foi a utilização da hidrovia como meio de transporte não só de cargas, mas também de passageiros. Em consenso, todos participantes da mesa concordaram que os canais e rios da Baixada infelizmente não são aproveitados como poderiam.
“Criar uma comissão para estudar a o assunto seria de muita valia, mesmo porque a hidrovia Tietê/Paraná deságua em nosso porto. Precisamos desenvolver isso o quanto antes, pois o nosso trânsito está cada vez mais intenso”, disse Carlos Kopittke, representante da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp, explicando que a maior parte das cargas chega ao cais por ferrovia ou caminhão.
Para o assessor da Codesp, João Gomes, que desenvolve projetos de hidrovias na empresa, a utilização dos rios, em relação com outros países, ainda está aquém no que diz respeito ao aproveitamento desses recursos hídricos. “Em cargas, o Brasil movimentou cerca de 80 milhões de toneladas pelo modal hidroviário. Apenas ano passado, os Estados Unidos, 700 milhões de toneladas. Infelizmente, aqui, nossas fantásticas hidrovias estão desprestigiadas”, afirmou.
Mas para que os rios da região sejam encarados, de fato, como vias, João Gomes defendeu que é preciso mobilização dos governos Federal, Estadual e dos municípios da Baixada Santista. “Deveremos adequar a altura de quatro pontes da região, além trabalhar a sinalização. Isso é necessário, pois, com as hidrovias, geraremos mais de 5 mil empregos diretos”.
O representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Raimundo Barbosa, lembrou que o meio ambiente e o progresso devem caminhar juntos, sempre. “Devemos nos ater não só às cargas e passageiros, mas também às margens. Queremos que elas sejam contempladas e protegidas. Precisamos estudar a questão das comunidades ribeirinhas, pois deveremos priorizar o ser humano e determinar o preço do progresso”.
Já a chefe do escritório do Ibama em, Santos, Ingrid Oberg, acrescentou que “temos que lidar com a falta de planejamento da cidade e nos prepararmos para estudar a região para os próximos 50 anos. Hoje vivemos um grande problema de mobilidade; seja no porto, seja na cidade”.
Ao final do encontro, a deputada Telma de Souza concluiu que a há muito a ser debatido e disse que esta foi apenas o primeiro de muitos encontros para abordar a mobilidade urbana de Santos e região. A idéia é que uma nova plenária aconteça em maio.
Participaram, também, o primeiro tenente da Capitania dos Portos, James Batista, e a representante da CET Santos, Luciane Beck.
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