“Entendo que o secretário (municipal de Saúde) é um profissional competente e acredito na sinceridade de suas intenções, quando no início da sua gestão, afirmou ter como objetivo recuperar o sistema de saúde pública da cidade. No entanto, é inaceitável que ver como determinados serviços foram degradados e que providências só tenham sido adotadas depois que os fatos foram denunciados na imprensa.” As palavras são da ex-prefeita de Santos e primeira suplente do PT paulista à Câmara Federal Telma de Souza, referindo-se à situação do Hospital e Maternidade Silvério Fontes e, mais recentemente, do NAPS da Zona Noroeste. Nos dois casos, a Secretaria Municipal de Saúde apenas se movimentou para sanar a precariedade no atendimento depois que órgãos de imprensa veicularam reportagens sobre os problemas. “Tanto em um caso quanto no outro, o que foi mostrado pelos órgãos de comunicação é fruto de um processo de deterioração, ou seja, não acontece da noite para o dia e, portanto, os responsáveis pelo setor não podem alegar desconhecimento. Deveriam, isso sim, terem impedido, em tempo hábil, que a situação chegasse a esse ponto, colocando em risco o atendimento à população.” Os serviços do Silvério Fontes, que fica no bairro Encruzilhada, foram transferidos para o Hospital Arthur Domingues Pinto, na Zona Noroeste, depois que o jornal “A Tribuna” publicou, no último dia 13 de janeiro, extensa reportagem sobre a deterioração das instalações da maternidade. Já na última segunda-feira, 23 de abril, a TV Tribuna levou ao ar matéria dando conta da precariedade do atendimento no NAPS da Zona Noroeste, um dos cinco núcleos de assistência às pessoas portadoras de problemas psicológicos que passaram a funcionar na cidade após a intervenção municipal no manicômio Casa de Saúde, em 1989, motivada por maus tratos aos pacientes. Telma de Souza relembra também que, no começo de 2005, o mesmo aconteceu com o Centro de Referência em Aids – Craids: na época, o assunto ganhou destaque nacional, depois de uma reportagem da TV Tribuna mostrando a total deterioração do posto, que dá assistência não apenas às pessoas vivendo com HIV de Santos, mas de toda a região da Baixada Santista. Ainda no exercício de seu mandato como deputada federal, Telma de Souza trouxe técnicos do Ministério da Saúde para vistoriar o órgão e conseguiu, junto ao Governo Federal, verba emergencial de R$ 250 mil para auxiliar na reforma da unidade. “Nesse episódio, há logicamente uma atenuante significativa, já que a nova administração municipal estava ainda nos meses iniciais de seu governo e a omissão, no caso, deve ser debitada ao governo anterior. Mas, agora, não há mais justificativa para que fatos desse tipo se repitam”, concluiu.