O número alarmante de morte de pacientes nos hospitais psiquiátricos do estado de São Paulo não pode ficar impune, tão pouco o descaso e a insuficiência no atendimento dessas unidades. Para reverter este quadro, a deputada estadual Telma de Souza (PT) cobrou melhorias no sistema de Saúde Mental por parte do governo paulista. Telma encaminhou requerimento de informações à Secretaria de Estado da Saúde, questionando os motivos das mortes – nos últimos quatro anos foram mais de 400. Ela quer saber quais as ações adotadas para evitar a perda de vidas e, também, os procedimentos para o tratamento das pessoas internadas. A situação é tão grave que o Ministério Público paulista promove uma investigação. Além disso, o Ministério da Saúde criou uma força-tarefa para avaliar os hospitais psiquiátricos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil. A partir de 1º de setembro, o órgão terá 60 dias para entregar o relatório final, contendo recomendações para o pleno funcionamento desses hospitais. “Estamos tratando de vidas, dos nossos semelhantes. Portanto, é inadmissível haver omissões, seja por ordem financeira, ausência de profissionais ou qualquer outra razão. Se há falhas, que sejam corrigidas urgentemente. As causas precisam ser apuradas e os responsáveis, punidos”, defende a parlamentar. Telma tem, ao longo de sua trajetória política, uma relação íntima com os temas ligados à Saúde Mental. Quando prefeita de Santos, ela ousou fechar a Casa de Saúde Anchieta, um hospital psiquiátrico que utilizava choques elétricos como forma de tratamento aos pacientes. “Foi uma árdua batalha, por ser um lugar particular. Mas, finalmente, em 3 de maio de 1989, houve o seu fechamento, tendo repercussão nacional e internacional”, lembra Telma, que, ao lado de Roberto Tikanori, hoje coordenador de Saúde Mental do Governo Federal, e David Capistrano, seu sucessor na Prefeitura, implantou o sistema de Saúde Mental de Santos. Na época, o sistema, baseado nas avaliações do psiquiatra italiano Franco Rotelli, com quem Telma se reuniu recentemente para debater a continuidade das políticas públicas de Saúde Mental (foto), foi considerado uma das referências internacionais na área.