29/08/2006

Sobre as boas intenções

Telma de Souza   A organização não-governamental Transparência Brasil representou, para mim, um importante esforço de mobilização da sociedade em favor do voto consciente e de qualidade. Apoiei essa ação, inclusive recentemente, mas estou profundamente estarrecida agora. Fui, eu mesma, uma vítima da má organização e falta de cuidado que agora detecto, infelizmente, na entidade, o que demonstra, mais uma vez que boas intenções podem ter efeitos totalmente contrários aos seus objetivos originais.   Dias atrás, a Transparência Brasil apontou meu nome, em seu site da internet, como sendo ré em um processo “por abuso de poder político”. Intrigada com tal fato, que escapava totalmente ao meu conhecimento, fui verificar do que realmente tratava o citado processo. Era simplesmente o oposto do que estava publicado. Na verdade se trata de uma ação movida por mim, ainda à época das eleições municipais de Santos de 2004, onde sou autora da ação em tela, e não a ré. Foi um erro do tipo que antigamente se classificava como crasso por parte da Transparência Brasil.    A entidade corrigiu a informação em sua página Internet, depois de ser comunicada de tão gritante falha na simples interpretação da inicial de um processo judicial, o que por si só equivaleu a uma confissão de culpa. Mas não corrigiu antes de repassar a deletéria informação a uma outra organização não-governamental, também repleta de declaradas boas intenções em relação ao processo eleitoral, chamada Movimento Reforma Brasil.    Essa entidade prepara, imprime e distribui panfletos, milhares, com minha foto, baseados naquela informação totalmente equivocada, produzida de forma desleixada — me recuso a acreditar que se trate de algo além disso, o que seria para mim uma gigantesca decepção — pedindo aos eleitores, literalmente, que não votem em mim nesta eleição que se avizinha, envolvendo-me com práticas que sempre condenei, das quais jamais fiz parte.    Tenho três mandatos consecutivos como deputada federal, sem uma única mancha desabonadora de minha atividade como parlamentar. Como também não há em toda minha carreira, desde que cheguei à Câmara Municipal de Santos, em 1982, passando depois pela Assembléia Legislativa de São Paulo e, ainda, pela Prefeitura de Santos, em 1989, a qual tive o prazer de deixar com o maior índice de aprovação do país no final de 1992.    Sendo assim e prezando minha história como prezo, exemplifico com esse descalabro praticado contra mim, o alerta que pretendo lançar, a quantos brasileiros puder alcançar, para que tomem extremo cuidado com as informações desse tipo de organização não governamental que, por incompetência ou excesso de confiança, se propõe a realizar um trabalho para o qual não está preparada e equipada. A alternativa seria a pura e simples má intenção, o que caberá à Justiça apurar.    Não se trata apenas de um prejuízo eleitoral o que o erro grosseiro dessas entidades produziu. Há um prejuízo moral inegável, indesculpável, pelo qual alguém haverá de responder nos tribunais, com toda certeza.    

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