Uma história de superação humana e social. Esta, para Telma de Souza (PT), ex-prefeita de Santos e vereadora, é a melhor definição para o movimento popular representado pela Associação de Cortiços do Centro de Santos. A entidade já ganhou o país e agora, pode ganhar o mundo. Telma visitou esta tarde (13) a sede do movimento, no Paquetá, em Santos, onde foi recebida pela líder Samara Faustino e integrantes da associação. Dentre 700 concorrentes de todo o Brasil, o projeto da Associação foi escolhido como o melhor em gestão local. Agora, concorre a um prêmio internacional, a ser concedido em Dubai, nos Emirados Árabes, no segundo semestre. Num bate-papo informal, Samara detalhou o projeto para Telma. No total, serão 181 apartamentos, na configuração sala living, um, dois e três dormitórios. A primeira fase tem 113 unidades e já vai entrar em acabamento. Num dos blocos, destacam-se os boxes comerciais, a serem ocupados pelos próprios moradores, que confeccionam artesanato, como a bijuteria de chita, utilizada na TV recentemente pela ex- ministra Dilma Roussef. Foi um presente de Samara, quando ela foi a Brasília receber o prêmio da Caixa, no ano passado. O foco na geração de renda está presente também em outras frentes, como na padaria comunitária, onde as mulheres aprendem o ofício e geram renda. A orgânica do movimento foi aberta para Telma. Ela lembrou que o projeto hoje é possível a partir criação da Lei das Zeis – Zonas Especiais de Interesse Social, adotada em sua gestão como prefeita. “Visava justamente as áreas encortiçadas do centro da cidade, definindo parâmetros para a gestão e ocupação, definindo o que é habitação social”, disse. Em clima de total descontração, a conversa fluiu com cair da noite. Samara revelou detalhes inéditos. Entre 700 projetos habitacionais do país que concorreram com o da Associação, no ano passado, somente o de Santos não tem apoio municipal. Revelou ainda que a Cohab Santista, em sintonia com a CDHU, queriam retirar do projeto as unidades com três dormitórios. “Nem o CDHU tem, como é que vocês querem isso?”, ouviu indignada a líder comunitária.