“Não sou especialista em segurança. Trata-se apenas de uma questão de bom senso”, afirmou ontem a deputada federal Telma de Souza (PT-SP), ao comentar os últimos ataques do PCC em São Paulo e defender que o primeiro passo para enfrentar a situação é o reconhecimento, por parte do governo paulista, de que o quadro é grave e pede medidas drásticas. “Admitir a realidade, por mais dura que ela seja, é sempre a melhor postura. E, infelizmente, o Governo do Estado não parece disposto a ter a necessária humildade nesse aspecto”, declarou Telma de Souza, lembrando que, quando assumiu a Prefeitura de Santos, em 1989, havia grande resistência de setores da sociedade local em reconhecer que a cidade tinha um gravíssimo problema com os índices de contaminação por HIV. “Embora alguns órgãos de imprensa, na época, divulgassem reportagens classificando a cidade como ‘capital nacional da Aids’, muitos afirmavam que se tratava apenas de uma campanha para difamar a cidade. Quando assumimos a administração municipal, nossa primeira iniciativa foi promover um levantamento rigoroso para constatar quais as principais vias de contaminação e descobrimos que o maior problema se referia ao uso de drogas injetáveis. Assim pudemos estabelecer uma estratégia eficaz de combate. O resto é história.” A deputada recordou também o que aconteceu, na época, com a poluição das praias: “Foi a mesma coisa. Também se tentava negar que a poluição existisse e qualquer menção ao problema era qualificada como uma tentativa de afastar os turistas da cidade. Admitimos que a poluição era grave, promovemos mudanças no funcionamento das comportas dos canais, identificamos fontes clandestinas de esgoto e a balneabilidade foi restabelecida.” Concluindo, Telma de Souza diz: “Negar a existência ou a gravidade de um problema é a melhor forma de torná-lo ainda mais grave e deixar sua solução ainda mais distante.”