“Uma visão equivocada e preconceituosa que encobre e tenta diminuir o verdadeiro sentido que a vitória do presidente Lula tem para o país”, afirma a deputada federal Telma de Souza (PT-SP), ao contestar análises que procuram atribuir o êxito do candidato petista apenas ao voto das camadas mais pobres da população, beneficiadas por programas sociais do governo, como o Bolsa Família. “É óbvio que grande parcela dos votos dados ao presidente neste segundo turno veio dessas faixas mais carentes, que passaram, finalmente, a ser beneficiadas com o início do processo de distribuição de renda que este governo começou a colocar em prática. Mas é claro também que setores expressivos da classe média, que querem o aprofundamento desse modelo de justiça social para o país, tiveram participação significativa na vitória de Lula”, enfatiza a deputada. Para Telma de Souza, insistir em que a reeleição do presidente foi conseqüência somente de uma votação maciça recebida nos chamados “bolsões de miséria”  é uma tese “simplista” e que, em última análise, desqualificar o triunfo representado pelos mais de 58 milhões de votos obtidos pelo candidato do PT. “É interessante essa situação, porque, durante a campanha, já no primeiro turno, a oposição procurou, de todas as maneiras, disseminar o preconceito de classes, como se um país de tantas diversidades como o Brasil pudesse ser simplesmente dividido entre ricos e pobres, cultos e incultos, os quais, obviamente, pensavam sobre tudo e sobre todos de formas totalmente diferentes. O resultado do segundo turno demonstrou exatamente o contrário, mas agora, mais uma vez, alguns setores da sociedade brasileira voltam a insistir nessa tese, sem o mínimo apoio na realidade dos fatos”, prossegue a parlamentar. Na Baixada Santista – A Baixada Santista e a região metropolitana de São Paulo foram as duas únicas regiões do Estado em que o presidente venceu o ex-governador. Principal coordenadora da campanha de Lula na Baixada Santista, Telma de Souza acrescenta que essa mesma tese vem sendo usada em nível local, em análises sobre a “virada” de Lula na região. “Aqui também se tenta atribuir a vitória do presidente somente aos votos obtidos nos ‘bolsões de miséria’ que existem nos municípios da Baixada e relacionando as percentagens das votações do presidente com os índices de beneficiamento pelo Bolsa Família. Ocorre que a ‘virada’ de Lula no segundo turno não seria possível sem o apoio também de outros setores sociais. Veja-se, por exemplo, o caso de Santos. O município é, proporcionalmente, o que tem menos beneficiados pelo Bolsa Família. No entanto, embora o presidente tenha, como no primeiro turno, ficado atrás do outro candidato, Lula teve quase 27 mil votos a mais nesta segunda votação, enquanto o ex-governador Alckmin teve acréscimo de apenas 7 mil votos. Em percentagens, esses números se traduzem em um aumento de mais de 10% para Lula e de somente 2,31% para Alckmin. Ou seja, uma expressiva parcela dos santistas mudou seu voto para o presidente no segundo turno. E isso não ficou restrito apenas aos setores mais pobres da população da cidade, pois estes, teoricamente, já teriam optado pelo presidente na primeira votação.” Na análise da deputada, tanto em nível nacional quanto local, o segundo turno, com apenas os dois candidatos à presidência debatendo programas e visões de país, deu ao eleitor uma visão mais clara das diferenças entre as propostas de Lula e Alckmin: “A grande maioria dos brasileiros optou por um modelo de redistribuição de renda e desenvolvimento com equilíbrio econômico e essa opção se deu não somente entre os setores beneficiados por programas sociais, mas também entre aqueles que entendem que esse é o melhor caminho para o futuro do país. É exatamente isso que o resultado das urnas mostra. Infelizmente, alguns tentam escamotear a realidade”, conclui Telma de Souza.