20/12/2010

PARA TELMA A VOLTA À CÂMARA DE SANTOS PRODUZIU VÁRIOS APRENDIZADOS

Prestes a deixar o plenário santista, após dois anos de mandato, Telma comenta a experiência do retorno à origem. Ela fala sobre o aprendizado das relações entre Executivo e Legislativo, e afirma que sai humanamente mais enriquecida da Câmara, onde teve início a sua trajetória política, em 1982. Depois de já ter sido vereadora, deputada estadual, prefeita, deputada federal por três mandados, como foi fazer esta volta à base (Câmara)? Telma de Souza: À origem. E, ainda mais eu não sendo a mesma pessoa que eu era em 1982. E teve um pouco de tudo; momentos de alegria, momentos de tristeza, momentos de espanto, até que os próprios vereadores se acostumassem com a minha presença no plenário. Também não foi algo fácil para eles também. Eu tenho hoje uma série de aprendizados, muito mais sobre as figuras humanas que estão na Câmara, os vários vereadores e uma vereadora, além de mim, e também sobre as relações entre Executivo e Legislativo, que cada vez mais, eu entendo, elas têm que primar pela elegância e principalmente por uma postura de que, tanto a Prefeitura quanto o Legislativo têm de ser elementos de crescimento das pessoas. E nem sempre isso aconteceu. Muitas vezes, a ausência de uma crítica fundada, em nome de uma base governista, que no meu entender, você pode ser de uma base governista, mas tem o direito de fazer uma critica, até para melhorar o Executivo, eu vejo que isso é bastante cerceado em Santos. Eu acho que este ano, as eleições foram importantes para isso, houve uma abertura para discussões. Eu encontrei uma Câmara bastante travada quanto às discussões. Eu não responsabilizo os vereadores por isso, responsabilizo uma relação perversa que subordina sem dar oportunidade da grandeza de cada vereador vir a tona. Com isso quem perde é o próprio Legislativo, o próprio Executivo, perde a cidade. Eu aprendi como não deve ser essa relação. Quem sabe, eu possa necessitar desta informação, mas para minha vida isto já foi bastante efetivo e interessante. Mas aprendi, também, a alegria de poder apresentar projetos, mesmo que não sejam votados e acatados pelo Executivo, e até em defender projetos de adversários político-partidários, quando eu entendia que eram suficientemente bons para tal, no meu critério. Somos uma bancada de três vereadores, o mais jovem, Adílson Júnior e uma veterana, que é a vereadora Cassandra Maroni Nunes. De qualquer maneira, eu penso que posso ter ajudado de uma forma ou de outra, a que a bancada do Partido dos Trabalhadores fosse uma referência, no sentido das discussões e de engrandecer o Legislativo. Acho que não devo ter conseguido isso sempre, mas muitas vezes, creio que  consegui. E também, não posso me queixar da atenção que meus colegas de plenário me deram e me dão. Então, acho que só por isso, já valeu esta volta. Eu saio desta Câmara, com certeza, mais enriquecida, seja pelo aprendizado de fatos positivos ou negativos. Porque, como disse o psicanalista Contardo Caligaris, “a grande aventura da vida é só a vida, quando a gente não se nega a ter experiências, quaisquer que sejam elas”. Acho que quando eu decidi fazer esta volta, e não foi uma decisão fácil, então a vida disse: ela merece ter alguns aprendizados - que eu não tinha. Eu saio mais enriquecida desta Câmara, com toda certeza. Espero que tenha deixado algumas riquezas pessoais, da minha alma, do meu entendimento do mundo, no coração de cada vereador e da vereadora. Sendo oposição, como foi fazer embate político? Telma de Souza: Eu tive que aprender um pouco a fazê-lo. No início eu penso que houve um cerceamento da minha fala, alguns episódios desagradáveis; o episódio do vassalo. Acho que, inclusive depois deste episódio, que teve muita repercussão, o próprio Executivo, no meu entender, fez uma determinação: acata e distende. É o que eu percebo até a gora. Então, estou aprendendo esta outra maneira que o Executivo passou a se relacionar comigo. Eu passei a oferecer políticas públicas nas falhas do Executivo, e isto foi na questão da educação, da cultura, da saúde, e agora, nas discussões que fizemos sobre a exploração sexual infantil e sobre redução de danos relacionada às drogas, especialmente o crack. Confio nesta maneira, e é uma maneira civilizada, não é um confronto direito, mas é bastante sólida, porque é a mesma coisa que se eu dissesse deste jeito não está bom, pode ser assim, eu penso assim, ofereço esta condição de política pública. A seguir A eleição para a Assembléia Leia também Telma busca anistia para o pai, João Inácio, cassado pela ditadura Telma comenta a volta à academia e a obtenção do título de Mestre

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