O TamTam foi criado em 1989, na gestão de Telma à frente da Prefeitura de Santos, pelo arte e educador Renato Di Renzo, como parte do programa de ressocialização dos internos da antiga Casa de Saúde Anchieta, conhecida como a “Casa dos Horrores”, que acabara de passar por intervenção municipal, devido aos maus tratos e tortura aos pacientes com transtornos psíquicos.
A politica antimanicomial da Prefeitura de Santos à época passou a ser uma referência internacional, tendo o TamTam como a principal ação de inclusão, sendo a Rádio TamTam a de maior destaque, cujos pacientes eram os próprios produtores da programação.
Vinte e cinco anos depois, o projeto TamTam – que perdurou como serviço público até o fim dos governos do PT em Santos – segue firme na luta pela inclusão através da arte, mas encontra dificuldades financeiras para manter e expandir suas atividades. Por isso, o projeto de lei que confere a Utilidade Pública Estadual à sua associação mantenedora é tão aguardado pela entidade, pois será uma oportunidade para obter - assim como no passado - recursos públicos para o custeio dos projetos desenvolvidos.
De acordo com Telma, o projeto de Utilidade Pública já está em andamento e a expectativa é de que a concessão ocorra ainda neste ano. “Desde quando foi iniciado na Prefeitura, a essência do TamTam, de ser uma retaguarda para a sociedade, foi mantida. Mas, sem o respaldo público, torna-se cada vez mais difícil manter a estrutura e a missão. Por isso, o projeto de lei é tão importante”, destaca a autora da propositura.
Cláudia Alonso, psicóloga e uma das coordenadoras do TamTam, afirma que o Projeto já atendeu milhares de pessoas, mas enfrenta dificuldades para assistir aos 180 alunos atuais, que vão dos sete aos 75 anos. Embora já seja reconhecida como de utilidade pública municipal, não tem convênio, subvenção ou qualquer apoio financeiro, mesmo já tendo conquistado diversos prêmios dentro e fora da Cidade. O único apoio público advém da ocupação do espaço no Teatro Municipal onde fica o Café Teatro Rolidei, um espaço de apresentações e aulas.
HOMENAGEM
O Ato Solene proposto por Telma reuniu cerca de 200 pessoas, no terceiro piso do Teatro Municipal, no dia 30 de junho, coincidentemente a mesma data de início da tramitação do projeto de lei. Participaram autoridades federais e municipais, que lembraram da revolução promovida no governo Telma de Souza em Santos, com destaque para a criação do TamTam.
Prefeita da cidade quando da criação do Projeto, Telma entregou uma placa a Renato Di Renzo, destacando a organização como “marco da reforma psiquiátrica e palco permanente da inclusão por meio da arte”.
Emocionado, o arte e educador lembrou o início do TamTam, na Casa de Saúde Anchieta. “Foi um ato de coragem entrar no Anchieta e promover uma mudança tão grande, tratando pessoas como pessoas. E, hoje, o TamTam segue nessa luta da inclusão, e assim continuará”.
A deputada federal Maria Lúcia Prandi, secretária de Educação de Santos no momento da fundação do Projeto, relembrou que “a ação foi um choque de realidade na população, que não enxergava os horrores vivenciados no Anchieta, mas, com o TamTam, passaram a ver um novo mundo, valorizando a inclusão e respeitando quem estava do outro lado”.
Participaram, ainda, do ato a presidenta da ong Associação Projeto TamTam, Izilda Fernandes Coelho, o secretário de Cultura de Santos, Raul Cristiano, o ex-prefeito João Paulo Papa, e os vereadores Evaldo Stanislau, Cacá Teixeira e Murilo Barletta, santistas, e Conrado Carrasco, de Itanhaém, ex-aluno do TamTam.