01/06/2011

INICIATIVA DE TELMA É EXEMPLO MUNDIAL, AFIRMA ROTELLI

A coragem da deputada estadual Telma de Souza (PT-SP), quando prefeita de Santos, de fechar a Casa de Saúde Anchieta, o famoso hospício da cidade, ainda ecoa por todo o mundo. Considerado a maior referência da luta antimanicomial, o médico psiquiatra italiano Franco Rotelli esteve no município e afirmou que a iniciativa de Telma foi o ponto de partida para uma reforma psiquiátrica global. Entretanto, ainda há muito a fazer, pois em muitas localidades o tratamento persiste de forma equivocada. Convidada para compor a mesa de abertura do II Fórum Paulista da Luta Anti-manicomial, que aconteceu neste sábado (28/05), na Universidade Católica de Santos (Unisantos), Telma ofereceu uma placa comemorativa pela inauguração da sede da Fundação Franco Rotelli em Santos. A deputada revelou para Rotelli que ele foi o seu inspirador da reforma manicomial na cidade. Ela ainda destacou que a iniciativa de fechar o Anchieta, cujo "tratamento" dos internos era feito a base de choques elétricos, partiu de uma equipe liderada por David Capistrano, seu sucessor na Prefeitura, e Roberto Tikanori, hoje responsável pelos programas de Saúde Mental do Governo Federal. "Quando olho para trás, digo que faria tudo novamente. Inspirada no trabalho de Franco Rotelli, fui uma das personagens desta história. Eu era prefeita, mas tive a retaguarda de uma forte equipe para fazermos esse trabalho necessário e de vanguarda. Em 03 de maio de 1989, o grito de socorro daquelas pessoas encarceradas começou finalmente a ser ouvido, porém, não são poucos os que ainda defendem a volta do encarceramento, do isolamento e do esquecimento aos que sofrem transtornos psíquicos", alertou a deputada. Médico do Departamento de Saúde Mental de Trieste, na Itália, Rotelli voltou a Santos pela primeira vez em 20 anos e fez questão de enaltecer o trabalho pioneiro de Telma na Prefeitura, hoje reconhecido como uma referência mundial. "O que aconteceu naqueles anos foram necessários para o início da luta antimanicomial não apenas da cidade, mas, também, de todo o país, servindo de exemplo, inclusive, para todo o continente e para vários outros países do mundo", disse o psiquiatra. Mesmo com todo o esforço, inclusive o de Telma, Rotelli alertou as cerca de 300 pessoas presentes ao fórum de que a luta não pode esmorecer. Segundo ele, enquanto a Itália e a Inglaterra acabaram com seus hospícios, o Japão, por exemplo, ainda tem mais de 500 mil internos. "O Brasil está em uma boa fase: há cada vez menos internados e mais investimentos. E tudo isso começou naqueles anos que iluminaram o continente", completou o italiano. Reconhecida e incessantemente aplaudida pelos trabalhadores da Saúde Mental como principal nome do Brasil na luta antimanicomial, Telma alertou para o projeto de contrarreforma do setor, que repousa no Senado Federal. O evento, que teve a proposta de debater a atual política de saúde mental no Brasil (além de apresentar o processo pioneiro realizado na Itália), foi realizado com o apoio da Associação Franco Rotelli, em parcerias com o Conselho Regional de Psicologia (sub-sedes Santos e Vale do Ribeira) e com o curso de Psicologia da Universidade Católica de Santos (Unisantos).  

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