FALTAM LEITOS PARA DEPENDENTES QUÍMICOS NO LITORAL PAULISTA
O Litoral Paulista é a região mais carente de leitos para dependentes químicos, especialmente de crack, na rede pública do estado de São Paulo. Além disso, faltam recursos para o desenvolvimento de políticas públicas adequadas para o tratamento e a prevenção ao uso de drogas.
O diagnóstico foi confirmado por uma pesquisa feita pela Frente Parlamentar Estadual para o Enfrentamento do Crack e Outras Drogas, da Assembleia Legislativa de São Paulo, da qual Telma é membro. Os números foram apresentados na última sexta-feira (21), em audiência pública em Cubatão, com a presença de Telma e do também deputado estadual Donizete Braga (PT).
Conforme o levantamento, das nove cidades da Baixada Santista, Santos é aúnica que possui leitos para dependentes de drogas, no Hospital Guilherme Álvaro. No início da década de 1 990, a cidade foi referência no tratamento de viciados, quando a então prefeita Telma de Souza criou os Núcleos de Apoio Psicossocial, os Naps. A pesquisa identificou, ainda, que não há leitos específicos no Vale do Ribeira e no Litoral Norte. As três localidades são as únicas das 15 regiões administrativas paulistas que não têm as vagas. No total, o estado de São Paulo tem apenas 68 Naps, sendo 20 deles na cidade de São Paulo.
De acordo com a deputada Telma de Souza, o Governo do Estado de São Paulo não destina quantidade de recursos suficiente para o atendimento dos usuários na rede pública. Para os próximos quatro anos, estão previstos somente R$ 240 milhões, em uma conta que envolve serviços voltados à Saúde dos Idosos, Saúde Bucal e Tratamento de Drogas. "Por ano, cada setor desse vai receber só R$ 20 milhões, o que é muito pouco para o tratamento. No mínimo, deveria ser o dobro, o que as cidades reivindicam", afirma Telma.
A ex-prefeita de Santos comparou o quadro de crack no estado de São Paulo à aids há cerca de 20 anos atrás. "Hoje, o usuário do crack é ignorado da sociedade. Consideram droga de pobre e, por isso, equivocadamente, os governantes fecham os olhos. Acontecia isso com os portadores de aids, mas na época diziam que era doença de homossexual. Com um trabalho sério, iniciado em Santos, hoje o Brasil tem um mentalidade diferente".
Donizete Braga destaca que o crack, por ser a droga mais barata, em torno de R$ 2,00, é a mais presente nos municípios paulistas, em grande parte deles com mais intensidade do que o álcool. Das 325 cidades que responderam ao questionário da Frente, 79% não têm leitos públicos para tratar os dependentes, que se encontram entre 16 e 35 anos, em sua maioria.
Para o coordenador da Frente, é necessário aplicar cada vez mais recursos públicos no tratamento e na prevenção ao crack. Para isso, ele defende que sejam reservados recusos, por meio de emendas parlamentares, ao Orçamento do Estado de 2012, para as cidades. "Os dados apontam que os municípios paulistas estão desamparados, clamando por recursos públicos, recursos humanos e equipamentos para enfrentar o avanço do crack", explica o deputado, citando que o Governo Federal já colabora com 12% do investimento nos municípios, enquanto o governo estadual aplica apenas 5%.
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