DEPUTADA DEFENDE GESTÃO POLÍTICA E TÉCNICA PARA OS PORTOS
“Entendo que a polêmica que se tenta criar em torno de uma diretoria com composição técnica ou política é, na verdade, uma falsa questão e muitas vezes utilizada de forma mal intencionada para defender interesses particulares deste ou daquele grupo."
As palavras são da deputada federal Telma de Souza (PT-SP), ao ser indagada, em entrevista ao site Portogente ( www.portogente.com.br) sobre suas expectativas a respeito da composição da diretoria da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a deputada, que há cinco anos preside a Subcomissão de Portos da Câmara Federal, “a atual formatação da diretoria vem atendendo aos interesses de gestão, mas é positiva a sugestão para que seja criado também um setor específico para centralizar os relacionamentos mais diretos entre a autoridade portuária e os municípios portuários e os demais municípios da região. “
Telma de Souza entende que “toda direção é política, mesmo que seja técnica. Isso é verdade para toda a iniciativa privada inclusive, chegando mesmo até às empresas de cunho familiar. É tão indesejável a indicação política de alguém sem background técnico para levar adiante as tarefas requeridas em posto de direção, quanto o é a indicação técnica discordante da linha político-empresarial de qualquer empresa. Por que nas empresas públicas seria diferente? A direção política capacitada na execução técnica é a melhor direção, seja privada ou pública.”
A parlamentar destaca que tal conceito aplica-se ainda com maior ênfase quando essa empresa (Codesp) comanda o maior porto brasileiro, com reflexos no comércio exterior do país, nas estratégias de desenvolvimento nacionais e na condução tática em um mercado que sofre rápidas alterações.
“A direção política me parece mesmo desejável dentro dos marcos legais da companhia, o que não significa que não deva estar aparelhada tecnicamente para exercer suas funções. Quando se fala em ‘indicação política’ na direção da Codesp esconde-se a verdadeira questão, que é a indicação político-partidária. Considero legítimo que as forças políticas que detêm o governo do país e orientam as estratégias econômica, de comércio exterior e de desenvolvimento, se expressem na composição da direção da empresa”, prossegue a presidente da Subcomissão de Portos da Câmara Federal.
Estabilidade e indicações – Telma de Souza acrescenta considerar muito importante que haja estabilidade no corpo diretivo das autoridades portuárias em geral e na da Codesp, em particular: “A atual diretoria (da Codesp) já é a que mais tempo permaneceu no cargo nos últimos 20 anos, a segunda desde a criação da Codesp, em 1980. Entre a instalação da empresa e o início desta diretoria, foram 12 trocas de comando em 21 anos. Nos 12 anos entre 1990 e 2002 sucederam-se 10 direções diferentes.”
Quanto ao processo de indicações para os cargos diretivos, a parlamentar afirma: “Na minha opinião, deve-se exigir que sejam indicadas pessoas idôneas, com reconhecida capacitação técnica e que tenham necessariamente conhecimento íntimo da atividade portuária inserida na região em que os portos estão localizados, já que as realidades regionais em nosso país são bastante diversas. E que essas indicações partam de pessoas que tenham conhecimento da área, entendam as políticas gerais e as públicas que estão sendo empreendidas pelo governo e com elas tenham compromisso, que saibam ouvir a comunidade e os setores envolvidos e, finalmente, se baseiem estritamente nesses critérios para a escolha de nomes. Creio ser desejável por todas as razões que as pessoas consultadas sejam da região. Porque, antes de mais nada, são indicações, apenas, quem nomeia ou não é o ministério.”
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