Presidente da Comissão Especial de Vereadores (CEV) criada com a finalidade de acompanhar a articulação das políticas públicas de saúde focadas no combate à dengue em Santos, a vereadora Telma de Souza (PT) lançou hoje (05/04) um manifesto, defendendo uma estratégia de guerra contra a doença. “Embora esteja afastada da Câmara, devido a uma licença médica, não poderia deixar de manifestar minha preocupação com a explosão do número de casos, inclusive de óbitos, não só em Santos, como em toda a Baixada Santista”, escreveu Telma, em um documento entregue ao público e à imprensa durante evento na tarde desta segunta-feira, no Plenário Ulisses Guimarães.
No texto, Telma afirma que há muito ainda a ser feito no que tange ao combate à moléstia. “A situação exige uma política de guerra contra a doença, utilizando e envolvendo todos os esforços e recursos, de forma interdisciplinar, quer seja lançando mão de aparato técnico e jurídico a fim de garantir eficácia nas ações desencadeadas, quer seja mobilizando todos os setores da sociedade”.
Para ela, a população não pode ficar resignada, esperando que o fim da temporada de calor traga o fim da dengue: “Se nada for feito, verdadeiramente, em termos de mudança de comportamento, tanto por parte da população, quanto por parte dos setores governamentais, na gestão dos espaços públicos e privados, visando à completa eliminação de focos, teremos, ano a ano, uma epidemia mais resistente, como já ocorre”.
Segundo analisou, os problemas que devem ser encarados não são novos: “Mas, incrivelmente, por descaso, inépcia, falta de vontade, descompromisso, ineficiência ou ineficácia, vemos se perpetuarem. Dentre os comportamentos nocivos à saúde pública, vemos a falta de conscientização, mesmo em setores bastante informados da sociedade. Assim, criadouros do mosquito aedes aegypti formam-se em piscinas mal cuidadas, imóveis fechados e lajes abandonadas. Do ponto de vista da limpeza pública, proliferam os terrenos baldios, para os quais o poder público é lento na eliminação de vetores”.
Telma argumentou ainda que, pelo tempo em que a doença já é diagnosticada na região, era hora de haver um combate mais efetivo: “A doença chegou à Costa da Mata Atlântica há 11 anos. Já teria sido tempo suficiente para que houvesse maior empenho e investimento em prevenção, livrando-nos de tamanho descalabro. Mais de uma década se passou e, pelo menos em Santos, ao passo em que a cidade sofreu o desmonte de um sistema de saúde que foi referência nacional, a virulência da dengue aumentou”.
Ela vê no desmonte de políticas de saúde terreno fértil para a proliferação da dengue e outras doenças: “O abandono de reconhecidas políticas públicas de saúde, o achatamento salarial - resultante, por exemplo, na dificuldade em contratar médicos – são, com certeza, alguns dos elementos que alimentam a epidemia. Deixou-se de investir na estrutura, no funcionalismo e na prevenção. Faltam leitos públicos em hospitais, faltam agentes de combate em número expressivo e uma aglutinação eficaz dos diversos setores a fim de um enfrentamento à altura do caos instalado”.
Para ela, a situação agora é muito mais alardeada por ter a doença atingindo a classe média: “Estivesse a dengue restrita aos setores periféricos das cidades, talvez não ganhasse tal repercussão. A doença chegou aos setores abastados, aos bairros nobres da orla, por fim, a todas as regiões de Santos e da Baixada Santista. É urgente uma estratégia de guerra ao mosquito transmissor. Antes de me licenciar, pedi em Plenário que os trabalhos da CEV da Dengue tivessem continuidade. Lamentavelmente, não foi isso o que ocorreu. O Legislativo precisa apoiar, quando for o caso, e cobrar, quando é necessário, sob pena de abrir mão do seu papel mais fundamental, que é zelar pela coisa pública, e, principalmente, pela vida das pessoas”.
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